Este post é dedicado a registrar a pesquisa sobre possíveis projetos de design para basear a confecção da G1. Esses são relacionados a mídia digital e demonstram interagir com os sentidos humanos para provocar uma sensação específica, dependendo do objetivo de cada caso. Conforme a pesquisa, diversos trabalhos incríveis chamaram minha atenção, porém decidi falar sobre apenas três deles. São esses automato.farm, SyncDon II e Outrospectre, todos apresentados na edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE) de 2018.
automato.farm
Este projeto consiste no uso de uma experiência chamada Objective Realities (OR), que realiza o uso da tecnologia da realidade virtual (VR) para pôr o espectador no ponto de vista de objetos. Nessa OR, cada usuário lida com as limitações de um objeto, podendo ser um robô de limpeza, ventilador ou uma tomada, que são interligados entre si pela tecnologia de uma casa inteligente. A interação multiplayer ocorre ao cada participante, que veste uma espécie de fantasia de cada objeto, realizar a função do utensílio escolhido e lidar com as inconveniências que podem ser geradas pelas ações dos outros, além de escolher obedecer ou não as dicas da “voz” da casa inteligente.
O que me intrigou nesse projeto é a forma lúdica que é utilizada para atingir o objetivo inesperado de, ao se colocar no lugar dos objetos projetados pelos designers, mudar a forma de pensar sobre os mesmos. Assim podendo melhorar aspectos, que passariam despercebidos, na criação de novos designs de utensílios. Podendo levar em consideração tópicos de sobrecarregamento de tarefas, necessidades dos objetos, restrições da tecnologia atual, além de compreender as limitações de um produto para confeccioná-los melhor.
SyncDon II
A instalação audiovisual SyncDon II, criada pelo grupo Akihito Ito + Issey Takahashi, registra os batimentos cardíacos do usuário e os “armazena” em uma caixa de presente que vibra conforme o ritmo do coração analisado. A pressão sanguínea do usuário é lida através de sensores localizados em fones de ouvido, enquanto esse sente a pulsação do indivíduo que participou da experiência anteriormente na caixa. Conforme a pessoa tem seus batimentos analisados e sente os de outra, é apresentado visualmente em um monitor digital as pulsações dos dois usuários em tempo real, para que seja possível saber quando os batimentos se sincronizam. Além do estímulo sonoro, a sincronização é induzida também por flashes de luz e através da sensação tátil da caixa pulsando.
A experiência do SyncDon II me chamou atenção por ter buscado uma forma alternativa de transmitir emoções à outra pessoa sem que fosse necessário utilizar palavras para se expressar. Utilizando a metáfora de um presente, o projeto passa emoções adiante diretamente para os corações dos próximos usuários e, segundo os dados do projeto, também resulta na empatia e na capacidade de compartilhar a vida emocional. Achei esse trabalho interessante justamente por terem trabalhado com as emoções, que são difíceis de serem descritas verbalmente, e puderam agora ser “absorvidas” através dos sentidos humanos de outra forma.
Outrospectre
O projeto Outrospectre tem como objetivo fazer com que pessoas lidem com a ideia de morte mais facilmente por meio de uma simulação de experiência extracorpórea através da realidade virtual (VR). O trabalho, segundo os dados disponibilizados sobre o mesmo, ainda é uma proposta experimental para dispositivos médicos, para que o medo da morte deixe de ser um assunto negligenciado na área médica. Além disso, segundo estudos psicológicos recentes, a sensação de flutuar fora do corpo é capaz de aliviar a ansiedade relacionada ao assunto mórbido, o que ajudaria pacientes terminais a assimilar a ideia da própria morte de forma mais plena, caso fosse implantado em hospitais.
Tal projeto me chamou atenção por lidar com um tema tão complicado e que é encarado de tantas formas diferentes, dependendo da situação na qual a pessoa se encontra e de suas crenças. O fato de que há um projeto que visa confortar pacientes diante da própria morte, principalmente no ambiente hospitalar, me intriga muito, pois é um tema que causa muito sofrimento e, até onde eu sei, não é bem resolvido atualmente.
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