O capítulo cinco do livro “21 Lições para o Século 21”, de Yuval Noah Harari, discorre sobre os desafios que a tecnologia enfrenta para proporcionar uma plataforma eficiente de confraternização e criação de comunidades no espaço on-line. Levantando também a discussão sobre a possibilidade das relações on-line serem independentes da interação off-line, considerando as necessidades sociais humanas.
Diversas plataformas digitais oferecem um espaço para interagir e manter relações por meio da internet, como nas redes sociais Instagram, Twitter e Discord, além de sites menos convencionais como o Here.fm, o Rave e o Kumospace, que oferecem um ambiente mais criativo para a conversa fluir. O objetivo de promover a interação entre pessoas dessas plataformas é claro e eficiente, principalmente nos tempos de pandemia, o qual limitou drasticamente a interação social.
Porém, assim como o texto afirma, não é possível com a tecnologia atual suprir as necessidades sociais de seres humanos por completo, justamente pela falta de proximidade física que exclui a leitura de expressões faciais e corporais, que afetam a interação inconscientemente. Além de restringir a quantidade de atividades coletivas possíveis de serem realizadas em conjunto, o que diminui o convívio entre indivíduos. Ademais, o tempo disponível para passar com tais pessoas, preferencialmente presencialmente, afeta a criação de laços mais profundos e a absorção de um entendimento maior sobre a pessoa com quem interage.
Vale ressaltar que, por mais que não seja a ferramenta ideal para construir comunidades e vínculos, as tecnologias oferecem a possibilidade de dar o salto inicial para a criação das mesmas e servem de auxílio para aqueles que possuem dificuldade em socializar e aos que procuram pessoas com os mesmos interesses e causas. Se comunidades on-line se desfazem com o tempo, o mesmo acontece com relações na vida real, nas quais ambas podem perder força devido à responsabilidades prioritárias por parte dos indivíduos e qualquer outro imprevisto que pode causar o fim de um grupo.
Segundo o texto, não é possível estabelecer vínculos próximos com 150 pessoas, assim como a quantidade de “amigos” contidos no Facebook. Porém, ao adicionar pessoas na rede social, o usuário tem noção da proximidade que tem com tal indivíduo, e essa adição serve mais como uma forma de se manter informado dos seus arredores, ou melhor, sobre as pessoas contidas nesse, do que uma maneira de manter contato. Se alguém realmente acredita na ilusão desses números, não tenho conhecimento sobre elas. Na minha visão, números de amigos no Facebook ou seguidores no Instagram representam mais quantas pessoas possuem uma curiosidade mínima sobre quem seguem e por quantos círculos sociais tal pessoa já passou, do que amigos propriamente ditos.
Outro aspecto mencionado no texto é a perda de experiências sensoriais reais em detrimento do uso da tecnologia, o que acaba por acontecer devido à modernidade que estimula a absorção das informações sobrecarregadas e dos estímulos virtuais localizados na internet, em troca de não se tornar alienado na sociedade em que vive. O que, infelizmente, não é muito contornável devido ao fato de que muitas informações importantes circulam por esses meios, além de que mudanças culturais podem ser acompanhadas de forma mais participativa e instantânea através da internet.
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